Rochedos

a vida estava tão chata! isso si aquilo éra vida, então desapareço dali um pouco depois de acordar .

Encerrado

Conduzi até ao Bradom State Park, convencido de que aí encontraria alguma paz, onde pudesse pensar e reflectir decentemente.
Mas mudei de ideias assim que me ia aproximando do local. Uma rapariga, parecia-me, estava num dos rochedos maiores apenas comtemplando. Bom sitio, pensei. Vagarosamente aproximei-me dela, para não a assustar.

À medida que me ia aproximando apercebi-me que não havia aura à sua volta. Isso aumentava ainda mais a minha curiosidade, seria ela uma Imortal como eu?
A minha tentativa de chegar lá despercebido falhou miseravelmente. Estava a cerca de três passos da rapariga, tempo suficiente para um sorriso se esboçar no meu rosto devido à sua beleza.
- Acredito que não. Mas eu sou o Jack. Jack Laker.
Noutra ocasião teria estendido a minha mão. Mas o momento poderia ficar demasiado estranho com isso -E você?

- Muito prazer em conhecê-la Raven - Manti a distância, que não era muito nem pouco. O suficiente para não abusar os limites.
- Por acaso esta é a primeira vez que estou aqui. Ainda não tive muito tempo para explorar a área. - Respondi à sua pergunta , elaborando um sorriso nos lábios - Mas já compreendo que é um bom sitio. Excelente para nos pedermos em pensamentos,

Desci ligeiramente até uma rocha mais pequena. O aragem húmida que vinha do mar embatia na minha cara, no meu corpo e na alma que eu parecia ter perdido.
Olhei para cima, onde Raven estava - Vim aqui para tentar encontrar algum sossego, sair por momentos da vida que tenho de ter.

- Por vezes chego a pensar que já nem é vida - Murmurei, quase para mim próprio. Viver para sempre não era exactamente algo que desse felicidade, muito pelo contrário.
Virei costas para a enseada, e vi no rosto de Raven aquilo que parecia uma lágima - Está tudo bem? - Perguntei.

Mesmo ele tendo falado baixo, pude ouvir suas palavras. A cada momento minhas suspeitas de que era um imortal ficavam mais fortes, mas não conseguia pensar em uma maneira sutil de perguntar. E também não sabia se ele era realmente bom.
- Está tudo bem?
Acho que minha idéia de deixar as lágrimas silenciosas rolarem não foi muito boa. Sequei com as costas da mão a lágrima incriminadora e dei um sorriso, como um pedido de desculpas por ter de ver aquela cena idiota.
-Desculpe por isso. Estou... confusa. Muito tempo pensando nas mesmas coisas não faz bem, mas não consigo evitar completamente.
Precisava melhorar minhas indiretas.

- Não peças desculpa. Não há porquê disso.
Sem ficar muito perto dela, sentei-me ao seu lado. - Digo por experiência própria. Não guarde os seus pensamentos só para si. Ao longo do tempo eles conseguem tornar-se em pesadelos.
E logo me lembrei das tantas memórias do meu tempo de humano. Ao longo dos anos se tornavam tenebrosas e pareciam corroer a minha mente.

- Ficaria espantanda com o que eu consigo entender.
Não disse mais nada. Tirei da pequena mochila que tinha comigo a garrafa com o liquido vermelho e bebi um golo. Se ela fosse imortal, perceberia. - Moro nos arredores. Não sou muito simpatizante de toda a confusão.

- Então vocês sempre é imortal - Respondi com um sorriso nos lábios. Bebi mais um pouco daquele liquido vermelho, era impressionante como aquilo era tão viciante.
- Também és a primeira que encontro. Mas desconfio que há mais, por aí.

- Estou farto de viver sem parar. - Admiti - Mas há coisas neste mundo pelas quais ainda é bom viver. Tatuagens por exemplo, são a minha outra escapadela.
Pisquei o olho e ri-me.

- Claro - Aproximei-me mais dela e estendi os meus braços deixando visiveis os meus pulsos e as minhas tatuagens - Estes símblos se chamam lemniscate. Representam a eternidade e o poder divino. Acho que não é preciso explicar porque as fiz.

Tremi um pouco a sentir os seus dedos passarem pela minha tatuagem. - Devias pensar em fazer uma. Ter uma tatuagem é sempre algo bom. Que nos torna únicos.
Lentamente, e talvez inconscientemente, estavamos a aproximar-nos.