Rochedos

- Nós somos ninguém. - Murmurei, deixando a distância igual.
Não me atrevia a quebrar a barreira que existia entre nós. Mas... estavamos tão próximos que temia não me conseguir conter.

Ele parecia receoso de transpor a barreira invisível entre nós. Eu não o culpava, pois tinha o mesmo medo. Com o passar dos séculos, me retirara de qualquer convívio social que não fosse indispensável. Mas já me arrependera de muitas coisas, e não por fazê-las, mas sim por não tê-las feito.
-Mas somos tudo o que podermos ser.
Findei a pequena distância que havia entre nós, tocando meus lábios nos dele.

Nossos lábios já se estavam tocando. As nossas mãos continuavam juntas. Todo o meu ser queria tocar mais Raven. Todo o meu ser ansiava por algum "lume" nesta vida. Mas recuei.
- Podemos ser tudo o que quisermos. Mas que interessa viver quando não temos as pessoas que amamos ao nosso lado?

Fiquei paralisado durante algum tempo, sem saber o que responder.
- Todos o que amei foram-me tirados. - Não respondi completamente à questão, para não me guiar em recordações tenebrosas.

Agradeci o modo de como ela mudou de conversa.
- Para além de ter a minha própria loja de tatugens... vou à escola. - Fiz uma cara aborrecida - E tu?

- Também não gosto necessariamente daquilo. Mas não gosto de solidão, por vezes. O disfarce também dá algum jeito. - Na verdade, a escola era um tédio.- Devias ter aceite. Por esta altura eras capa da Vogue.

- Pois, tens razão.
Sorri meio envergonhado por não ter pensado no resto. Só então me apercebi que até estava a gostar de estar aqui, falando o mais próximo do normal com alguém que comprrendia aquilo porque estava a passar - Mas não posso deixar de imaginar que ficaria uma bela capa de revista.

Compreendia o que ela queria dier. Também eu estava farto de ter este ar jovial.
- Existem beneficios e consequências de ser imortal. Essa é uma delas. Bastante irritante, aliás.

- Neste caso não tenho muitos problemas. Os seguranças me consideram um rapazito de 19 anos que acha que está a começar a sua vida em liberdade. - Falei, rindo-me. De seguida olhei para a grandiosa vista à nossa frente. O enorme e infinito mar - Mas não frequento muito boates. Contacto a mais me deixa... Cansado, se é que é possivél.

- Não. Nunca fui muito de viajar para lá do oceano. Talvez nuns tempo mais para a frente - Estava intrigado sobre Raven. Donde seria ela? Ou, à quanto tempo seria ela imortal? Apetecia-me perguntar tudo, mas não o faria. Sabia como podia ser dificl responder a essas perguntas. Eu próprio tentava não o fazer - Então és uma viajante?

- Eu também não sou daqui, apenas me fixei. - Deixei a escapar.
- Acho que nunca tive coragem de ir para longe, tentar esquecer. O sentimento de estar imcompleto nunca muda por isso... - Encolhi os ombros.

- Ohh, então és inglesa - Disse surpreendido.
- Eu sou americano. Mas... Bem, a América mudou. Já não é a mesma coisa que há anos atrás. Por um lado, nem reconheço onde é a minha casa. - Falei um pouco desanimado - Isto de ser imortal, viver para sempre, não é o mesmo conto de fadas dos livros.

- Err.. eu... - Fiquei de súbito um pouco nervoso. Mas afinal era só uma data. que interessava? - Nasci em 1901, fiquei imortal em 1920. - Respondi. - E vocês? Posso saber?